quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

CONVERSANDO COM ZILDA ARNS




Independemente de crença, credo, política, nacionalidade, não há como ninguém negar que Drª Zilda Arns merece nossas homenagens. Graças a ela, os soros caseiros, as farinhas nutrtivas, salvaram milhares de vidas. Eu fui psicóloga do ex-INAMPS, trabalhei com desnutridos e bem sei o que isso significa.
Mesmo aposentada, aos 75 anos de idade, não parou. Estava no Haiti em missão de PAZ e fraternidade. E se foi, tendo morrido como sempre viveu, buscando erradicar a fome da criança. No momento, das crianças haitianas. Para mim além desse trabalho de per si, o fato de haver mobilizado milhares de voluntários, e pessoas de comunidade, agentes e saúde, pessoas de boa vontade, voluntários, que evitam tantas mortes. O fato dela ter irmãos no Clero em altos postos ou dessa obra gigantesca que ultrapassou as fronteiras de nosso País, ou da Pastoral da Criança ser da igreja católica, nada diminuiu o valor dessa mulher extraordinária. Quanto às vítimas vivas, apenas, faça a sua parte, da forma que puder, no silêncio, na doação consciente. Já dizem "O Haiti também é aqui". Sim, tivemos e temos nossas tragédias, mas, proporcionalmente, segundo consta, as consequêncas desse terremoto não tem precedentes.
Quanto mais dividimos o nosso, mais somamos e multiplicamos para os outros! É o que importa. E o melhor: nem precisamos dizer que fizemos. Fica entre e nós a nossa consciência. Entre nós e o nosso grupo de apoio. Entre os alunos e seus professores, escola... Entre pastores e ovelhas. Pais e filhos. Vizinhos...

Lembro bem, Zilda Arns, quando, com sal e açúcar
diluídos em água lipa, a fonte da Vida
salvaste de desidratação tantas criancinhas.
Convocaste agentes de saúde, gente disposta à entrega necessária
a imitar tua entrega plena.
Nutricionistas e farinhas milagrosas: misturas de nutrientes.
Peso, visita, atenção de porta em porta
e, em última instância, AMOR.
Farrapinhos humanos, de olhinhos sem brilho e cabelinhos ralos
trasformados em meninos e meninas risonhos, peles viçosas,
cabelos fartos, braços e pernas grossas...
Devolveste à criança brasileira, o potencial da inteligência
- que atrofia-se se, na primeira infância,
se o serzinho passar fome.
Educação intrafamiliar, exemplo, colocações
para multidões de pessoas a salvar existências
para um futuro: para muitos, trabalhar assim,
foi abrir o peito e descobrir, que na reação de ajuda,
a alma passa a fazer o coração bater mais forte.
Descobrir o sentido real da cordifraternidade.
levar a paz nas asas de teu sorrido sempre aberto.
E bem sábias, o que era perder um filho.
O avançar dos anos, não pareceu tirar de ti, a energia, doutora
dos meros milagres cotidianos obtidos com a dedicação
e a tenacidade e teus tantos voluntários.
Por isto, tua vida terrena foi ceifada enquanto fazias o que amavas.
E sentiste que era preciso levar ajuda além de nossas fronteiras.
Antes que as forças um dia te faltassem
e sentisses falta das crianças, foste embora, pastora,
apoiada no teu invisível cajado de esperaça na solidariedade,
para jamais seres esquecida...

Clevane Pessoa



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