Estreia e uma lição
Ontem (4/8/13), às 18h, inaugurei minha carteira de identidade no teatro pedindo meia entrada. Adorei pagar a metade do valor mas, ao olhar para o ingresso e ler a expressão "idoso", entendi que, embora curtindo muito esse momento, entrara definitivamente em outro universo. O nome da peça? "Cruel".
A lição: enquanto espero para entrar, uma senhora de seus 70 anos, tímida e bem arrumada, senta-se ao meu lado e eu, vendo que ela também tem um ingresso de "Cruel ", comento a vantagem de um horário mais cedo alegando coisas como o "trânsito, a violência etc.". Ela sorri e me diz que vem de Magé. Foi à missa, almoçou cedo e saiu de casa às 14h30. Teve de pegar 2 ônibus com a filha e duas netas e com sorte, estariam de volta antes da meia-noite. Perguntei seu nome: Célia.
Pois bem, conhecer dona Célia foi muito mais importante do que ver o Gianecchini, que é muito lindo (George Clooney estava ali?) mas não consegue convencer como homem mau. Teatros do Rio, me aguardem!
Liane dos Santos
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A LAVADEIRA NO TANQUE
A lavadeira no tanque
Bate roupa em pedra bem.
Canta porque canta e é triste
Porque canta porque existe;
Por isso é alegre também.
Ora se eu alguma vez
Pudesse fazer nos versos
O que a essa roupa ela fez,
Eu perderia talvez
Os meus destinos diversos.
Há uma grande unidade
Em, sem pensar nem razão,
E até cantando a metade,
Bater roupa em realidade...
Quem me lava o coração?
Fernando Pessoa
Do livro: Novas Poesias Inéditas, Ed. Átoca, 1973, Lisboa/Portugal
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