quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Félix, Alphonsus e Goethe




ANOTAÇÃO Nº 13

O difícil é ser sábio de coração, crescer como um homem. Mesmo porque nas rodas burguesas esta questão de ser adulto traz sempre qualquer coisa de verme.
Anterior a qualquer ato de dovardia ou comércio, o menino pergunta. Seu tempo salta de dentro para fora, e cavalga a longa alma das coisas antes que os amestrados relógios possam aprisioná-lo.
Por isso é que o poeta conversa com o sino das torres, com a nuvem turva ou com o raio de sol ainda atrás dos montes.

                                                     Moacyr Félix

                                                                                          Do livro: Introdução a escombros, 
                                                                                          Bertand Brasil, 1998, RJ


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NO CATETINHO
I
Ali no Catetinho há olhos d'água
bosque em que a sombra como que reluz.

Do Catetinho foi que Juscelino
como o terno Bernardo, imaginou

ao longe uma cidade se espraiando.
Qual não teria sido o sentimento

que dominou na solidão completa
deste planalto? Pois que ontem, agora,

ao longe se ergue a que ofegante alma
adivinhou, no grande descampado

fluindo em brisa e luz, transluminosa
e docemente branquejando como

bandos de garças. (Foi assim que um dia,
pisando o seu cigarro mais puro

fumo goiano, o meu avô Bernardo
dentro do coração te adivinhou.)

                         
Alphonsus de Guimaraens Filho

Do livro: Brasília na Poesia Brasileira - 
Antologia, Ed. Cátedra/Pró Memória INL
RJ/Bsb, 1982



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Nascimento de Goethe (1749, Frankfurt/Alemanha)

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